quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A poltrona 35.

Trinta e oito lugares, trinta e sete ocupados,apenas a poltrona 35 está vazia.

São 21 hrs, espero o ônibus para mais uma viajem, 21:10, vejo ao longe o ônibus chegar a estação, o motorista anuncia sua chegada, pego a mochila e desço para o embarque.Espero calmamente numa pequena fila que se forma na entrada do ônibus,observo a minha frente um jovem moço de bermuda, boné e mochila nas costas, me chama a atenção a sua apreensão, seu olhar aflito e constante para traz como se esperasse alguém,chega sua vez de embarcar, o motorista confirma seu bilhete e lhe deseja boa viajem, ele olha mais uma vez ao longe como se deseja-se intensamente a chegada de alguém, então embarca, e na entrada pega dois cobertores, se dirige ao final do ônibus aprocurar sua poltrona, olha para o bilhete e confirma seu assento, é a poltrona 34. Ele senta, abre seu cobertor, e coloca o outro na poltrona ao lado .O jovem moço, olha insistentemente pela janela, percebo em sua face uma aflição de uma espera que não chega.O seu olhar é fixo para janelas lacradas, com seu olhos pretos e brilhante, a esperar por alguém . Na janela respigava pingos da noite chuvosa, vejo em seus olhos um misto de solidão e tristeza.O que será que passa em seu pensamento?, perguntas do tipo:
Por que não chega?, O que o (a) retarda?, Ele(ela ) não vem ?
O jovem olha para o relógio, são 21:30, está chegando a hora do ônibus partir.O motorista percorre todo o ónibus em revista para ver se todos os passageiros embarcaram, em sua contagem 37 ocupantes, apenas uma vazia a poltrona 35. Novamente o motorista passa em contagem, parece que quer ter a certeza que falta um passageiro. O olhar fixo do jovem moço só é desviado, quando o motorista o indaga: -A alguém na poltrona ao lado?
O jovem então, baixa a cabeça e responde tremulo e fracamente: -Não.
Percebe-se, que aquela palavra saia como se dilacerasse tudo por dentro, mais insistia em voltar o olhar a janela.
O motorista anuncia a partida. Olho para o jovem e vejo em seu semblante a agonia da espera,e percebo seus olhos molhados,o ônibus parte, o moço baixa a cabeça e percebo uma lágrima cair, antes que corra em seu rosto ele enxuga-a, sua mãos procuravam as de alguém que devia estar ali. Não compreendia aquele jovem moço, nem seu olhar.Aliás ele me lembra alguém, mais não sei quem.
O ônibus está frio, frio como a solidão da poltrona 35.
O jovem moço continua com o olhar inerte a janela, sem ousar ocupar a poltrona do lado, continua com seus olhos negros, porém agora opacos, sem o brilho de quando ainda tinha esperança de que esse alguém chegasse. E assim ele segue, com essa tristeza amarga, como a de quem contemplando o invisível, o nada...
Apagam-se as luzes do ônibus, como se quisessem que não visse os olhos do jovem moço, molhados da tristeza de uma espera .
Adormeço então.



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